Ministro Alexandre de Moraes repreende Aldo Rebelo, testemunha na ação do golpe

Aldo Rebelo foi convocado a depor na qualidade de testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier. A participação de figuras com histórico militar relevante no processo pode ser um ponto crucial para entender a profundidadade e a complexidade da trama em questão

POLÍTICA

Irani Beatriz

5/23/20253 min read

a man in a suit and tie is speaking into a microphone
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Na última sexta-feira, dia 23, o ministro Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), repreendeu com veemência o ex-ministro e ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo. O depoimento de Rebelo ocorreu em uma ação que investiga uma suposta trama golpista que visaria a perpetuação do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. A natureza da denúncia e as implicações legais tornaram esse caso um dos mais comentados nas esferas jurídicas e políticas do Brasil.

Aldo Rebelo foi convocado a depor na qualidade de testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier. A participação de figuras com histórico militar relevante no processo pode ser um ponto crucial para entender a profundidadade e a complexidade da trama em questão. A primeira turma do STF começou a ouvir as testemunhas de defesa dos réus, entre eles Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil. Essa fase do julgamento tem atraído a atenção não só de especialistas, mas da opinião pública, refletindo a gravidade das alegações de tentativa de golpe.

Durante a oitiva, ele foi questionado se Garnier teria colocado tropas à disposição do presidente da República, ou seja, se posicionado a favor da trama golpista.O objetivo da questão era reforçar se seria possível o comandante da Marinha, sozinho, mobilizar as tropas, por decisão unilateral. Na tentativa de enfraquecer o argumento de que Garnier entenderia, enquanto comandante, que não tem poder suficiente para mobilizar as tropas para uma intentona golpista.

Aldo Rebelo afirmou, então, que era preciso considerar o que significa uma "força de expressão" na língua portuguesa.

"É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes que é a força da expressão. A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que 'estou frito' não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que 'está apertado' não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz estou a disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente", respondeu Rebelo,
A resposta irritou Moraes: "O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier disse a expressão?". O ex-ministro respondeu negativamente. "Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos", seguiu Moraes
Rebelo rebateu: "Em primeiro lugar a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura"
Moraes: "Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato"
Rebelo: "Estou me comportando
Moraes: "Então se comporte e responda à pergunta. Testemunha não pode dar seu valor à questão. Mas, tem toda a liberdade para fazer uma resposta tática".
Após o bate-boca, Aldo negou a possibilidade de um comandante mobilizar as tropas por decisão própria.
Segundo ele, trata-se de uma cadeia de comando, que passa por diversas estruturas como o comando de operações de operações navais, comando da esquadra entre outros.

Moraes, então frisou que Rebelo não pode garantir uma resposta à questão.
Não há conhecimento técnico para saber se a Marinha sozinha pode dar um golpe. Rebelo é historiador… ele sabe que em 64 não foi ouvida toda cadeia de comando. Não podemos fazer conjecturas. Ele foi civil, que foi ministro da Defesa, mas civil", reforçou o ministro.



A investigação, que já se estende por meses, levanta questões sobre a integridade das instituições brasileiras e o respeito à ordem democrática. A tentativa de golpe, segundo as acusações, foi orquestrada pela cúpula do governo Bolsonaro. À medida que os depoimentos são realizados, evidências podem surgir, aumentando a tensão política e social no país.