Padre Fábio de Melo sobre a depressão, que afeta 12 milhões de brasileiros: 'Acham que a fé em Deus nos livra da doença'

Padre Fábio de Melo usou suas redes sociais para dizer que está 'à beira do abismo'

Irani Beatriz

1/30/20252 min read

a man with a mustache and a beard
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Conhecido pelo seu carisma e bom humor, o Padre Fábio de Melo fez um desabafo em suas redes sociais no domingo (26/1). A intenção foi dizer como se sentia aos seus 26 milhões de seguidores .

"A fé não me impede de passar pelos processos humanos, pelos desequilíbrios humanos que nós construímos. A fé pode me ajudar a superar, mas não me priva de passar por aquilo", disse o padre.
Assim como o padre, 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão , segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O Brasil é o país com a maior prevalência desta doença na América Latina, de acordo com o relatório "Depressão e outros transtornos mentais", da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O fato de um padre, jovem e popular compartilhar que sofre de depressão, doença considerada pela Organização Mundial de Saúde, o mal do século, é visto com bons olhos pelos especialistas. Uma em cada dez pessoas tem depressão no mundo. “Houve uma época em que as pessoas escondiam a doença. Ela gera impotência e somada à vergonha, como se fosse uma espécie de fraqueza, os pacientes deixam de procurar ajuda”, diz Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Albert Einstein. “O padre desconstrói esse estigma, que ainda existe.”


O desabafo veio em forma de poesia, mas nem por isso deixou de revelar um outro problema muito comum entre os pacientes: a dificuldade de achar o remédio certo e depois a dose adequada. “ Nenhuma medicação é 100% efetiva”, revela o psiquiatra. Tem ainda os efeitos colaterais, que são inerentes aos psicotrópicos. Muito comum entre os pacientes, um deles é o achatamento das emoções, apontado pelo padre em seu depoimento. Quando isso acontece, há casos de pacientes que diminuem por conta própria a dose para tentar o equilíbrio entre sentimentos mais vívidos e controle da angústia. “Isso não dá certo. Se o efeito colateral atrapalha o bem-estar, o paciente deve pedir para trocar a medicação”.
Mas os estudos apontam que quanto maior o número de trocas de medicamentos, menor é a chance de cura. Os especialistas também costumam associar drogas diferentes, mas há casos de depressão refratária –que não reponde a nenhuma medicação. Daí, é necessário partir para tratamentos não farmacológicos, como a eletroconvulsoterapia, que consiste em sessões de choques controlados na cabeça, sob anestesia. Além disso, há necessidade de mudança no estilo de vida, com aumento de atividades físicas, dieta alimentar e terapia.